As
sacerdotisas dominaram o poder, sabendo sem precisarem de um sinal,o momento
certo para exibir os seus espelhos. Então, ainda cantando, as mulheres
aproximaram-se uma das outras, viradas para a Lua, até formarem um semicírculo.
Caillean, ainda de pé no lado leste do altar, voltou-se para elas. A música
transformara-se num suave sussurro.
-
Senhora, vinde até nós! Senhora, ficai conosco! Senhora, vinde até nós agora!
Caillean abaixou as mãos.
Doze
espelhos de prata refletiram um fogo branco quando as sacerdotisas os curvaram
para apanhar a luz do luar. Pálidos círculos lunares dançaram ao longo da relva
ao serem virados na direção do altar. Uma luz raiou da superfície prateada da
bacia, enviando lampejos brilhantes através dos vultos inertes das sacerdotisas
e das pedras eretas. Depois, ao focarem os espelhos, os raios de lua
reflectidos uniram-se subitamente à superfície da água contida na bacia (Graal de prata ). Doze
pequenos anéis lunares movimentaram-se em conjunto como o mercúrio e
tornaram-se um só.
-
Senhora, Vós que não tendes nome e, contudo, sois chamada
por
muitos nomes - murmurou Caillean. - Vós que não tendes forma e, contudo,
possuís muitos rostos; assim como as luas refletidas nos nossos espelhos se
transformaram numa unica imagem, que o mesmo aconteça com o Vosso reflexo nos
nossos corações. Senhora, nós Vos invocamos! Descei até nós e ficai aqui
conosco!
Caillean
soltou a respiração num longo suspiro. O sussurro desvaneceu-se até se
transformar num silêncio que vibrou de expectativa. A Visão, a atenção, toda a
existência estavam centradas na luz intensa no interior da bacia. Ela sentiu a
mudança familiar de consciência à medida que o seu transe se aprofundava, como
se a sua carne se dissolvesse e nada mais permanecesse, a não ser o sentido da
visão.
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